sábado, 25 de dezembro de 2010

Os Sertões dos Anos 2000- Crítica Ricado Araújo J C


Como adaptar um clássico da literatura brasileira e ainda assim conservar os louros de uma eficiente publicação? Além disso, adaptar um clássico não pela primeira vez, mas um que já teve inúmeras tentativas no cinema - porém não muito bem executadas. Simples! Se desprendendo ao máximo da obra.

É o que fizeram Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa, roteirista e desenhista, respectivamente, no quadrinho Os sertões - a luta, que tem lançamento nesta terça, às 20h30min, no bar Tutti Giorni (Borges de Medeiros, 788). Como o próprio nome sugere, o livro é uma releitura do livro Os sertões, de Euclides da Cunha, publicado originalmente em 1902.

A tarefa de condensar cerca de 400 páginas em 80 que mesclam texto e ilustração assustou os autores no princípio, mas a decisão de imprimir liberdade sobre o texto foi fundamental para a realização do trabalho. "Pensei muito no que se falava de que Os sertões era inadaptável, mas ao mesmo tempo acho que é uma narrativa com carga visual muito forte, então encaminhei para uma abordagem mais livre. Não acredito naquele tipo de adaptação meio álbum de figurinhas, que tu ilustras e colocas o texto literalmente. Adaptação é mais do que isso", enfatiza Ferreira.

Usar a obra, mas sem repeti-la, resultou em alterações da narrativa. O personagem principal nos quadrinhos passa a ser o próprio Euclides e o foco passa a ser, além da visão do autor, toda a história referente a Canudos. Para isso, Ferreira e Rosa viajaram para a Bahia onde ficaram três dias conversando com habitantes, estudiosos da revolução e visitando o palco de algumas batalhas. "É importante vivenciar o lugar porque dá um apego sentimental maior com a obra, há outro envolvimento, tu te aproximas mais daquilo tudo", recorda o desenhista. A viagem ainda rendeu o contato com cadernetas de anotações do próprio Euclides e uma vasta pesquisa sobre a Guerra de Canudos - que se apresenta em contextualizações históricas de alguns personagens criados especialmente para os quadrinhos.

O contato com quem vivenciou os embates e a possibilidade de pisar no mesmo solo onde sangue foi derramado foi essencial para incentivar e possibilitar uma liberdade na hora de pensar as narrativas. "Na serra do Campaio, onde aconteceu a segunda batalha, tu podes ter uma separação de tempo, mas, de alguma forma, estando lá tu acabas se impregnando na história. Depois para escrever fica mais fácil, tu entendes a geografia, o clima, imagina a cena exatamente no lugar em que tu estavas", recorda Ferreira.

Originalmente dividido em três partes - A terra, O homem e A luta -, para a adaptação o foco esteve principalmente no último trecho da obra. O motivo da escolha se deu pela narrativa do autor. Primando pela descrição - já que o próprio Euclides esteve em Canudos como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo -, Os sertões apresenta pouco diálogo e contextualização dos personagens. Visto que a linguagem dos quadrinhos prima por estes artifícios na sua concepção, adequar o texto de Euclides foi a maior dificuldade de acordo com Ferreira: "Esse foi o momento mais complicado. Eu radicalmente abandonei em muitos momentos a linguagem dele como literatura para usar a minha própria literatura do quadrinho. Existem muitos elementos visuais na obra do Euclides que ao invés de serem registrados como textos, ficaram grafados na imagem."

O sucesso do quadrinho é justamente se assumir como adaptação, uma produção independente da obra. Fato desde o início compreendido pelos autores que afirmam que a nova publicação não substitui o livro de Euclides, mas sim o complementa. "Ele não deixa de ser Os sertões porque existe apropriação literária, de trechos mesmo. Tem a visão do Euclides, mas tem o processo da própria história de Canudos", conclui o roteirista.

5 comentários:

Carlos Ferreira disse...

A Rádio Cultura de Santos Dumont-MG, "TERRA DO PAI DA AVIAÇÃO", cidade de 50 mil habitantes, na Zona da Mata Mineira, região de Juiz de Fora, fundada em 17 de agosto de 1948 é uma emissora administrada pela Sociedade Mineira de Comunicação.

Direção: Sérgio Rodrigues, João Begatti e Carlos Ferreira.

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=97354075

CULTURA ACONTECE: De segunda/sábado, de 08 às 10, com Jorge de Castro e participações de Sérgio Rodrigues, Carlos Ferreira e João Begati.

CAMPEONATO MINEIRO: Sábado, 02/04, às 16 horas, direto de Juiz de Fora, a Rádio Cultura (www.radioculturasd.com.br) transmite Tupi (Juiz de Fora) e América (Belo Horizonte).

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Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Olá,

estou desenvolvendo um trabalho de conclusão de curso sobre lendas urbanas e recebi a informação de que você pode ter algumas referencias para indicar.

Vc possui algum email para que eu possa contata-lo?

meu email é: melzortea@gmail.com

Carlos Ferreira disse...

Rádio Catedral FM de Juiz de Fora-MG
FM 102,3 MHZ
(www.radiocatedraljf.com.br)

Rádio Trans FM de Juiz de Fora-MG
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(www.radiotransfm.com.br)

Vem aí o campeonato mineiro 2019. E Juiz de Fora terá dois representantes na competição:
Tupi e Tupynambás.

A equipe "Bola na Rede" vai contar tudo para você através das principais plataformas MULTIMÍDIA, com:
Narradores: Marcos Moreno e Robson Silva,
Comentarista: Álvaro Quelhas,
Repórteres: Carlos Ferreira, Giovane Rezende e Dalvan Luiz,
Plantão: Mônica Taísse.

As informações da literatura, da música, do rádio e do futebol você tem aqui no BLOG:
www.carlosferreirajf.blogspot.com

Vem aí o portal MULTIMÍDIA, um empreendimento do Grupo Multimídia de Comunicação

Att,
Carlos Alberto Fernandes Ferreira
Juiz de Fora-MG

Carlos Ferreira disse...

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