quarta-feira, 18 de junho de 2008

Parte 12

“Naked Lunch! A Adaptação cinematográfica de David Cronenberg do livro de William Burroughs.” Ouvi a minha própria voz dizer isso enquanto eu dormia. Eu sou desses que cochilam para processar idéias. É outro dos meus hábitos: Tentar o máximo possível me distanciar da realidade comum, ir para uma espécie de sala de cinema dentro da minha mente e ser o primeiro espectador do que vou criar.
Cronenberg, na época que ele recém havia dirigido Naked Lunch, disse:
“ É basicamente impossível de adaptar Naked Lunch” - Almoço Nu, traduzido aqui no Brasil com o título de Mistérios e Paixões.
“Era muito conteúdo literário para 2 horas de filme, mas a adaptação tem que ser feita.”
“ A raiz do livro nasceu das entranhas e experiências vividas por William Borroughs, foi o que germinou o livro. É isso o que vou filmar.”
Cronenberg narrou na película o processo de criação do livro e fez um dos mais impressionantes filmes e fiel adaptação. Fiel não como passos marcados dos parágrafos para as celulóides, mas em essência e valor artístico. Cinema e Literatura são duas artes com linguagens diferentes. Toda adaptação cinematográfica que é quase uma transcrição do livro, eu acho no mínimo idiota. Todas essas falham como obras artísticas por que rejeitam explorar o potencial da linguagem cinematográfica como narrativa. Não basta pegar os capítulos, personagens e diálogos de um livro e ligar a câmera. O olhar e a leitura é o que tem força. A transformação que exerce o livro sobre o leitor é o que vale capturar na adaptação. Se não for esse o caminho, o melhor é desistir antes de começar por que a adaptação vai ser oca, vazia, apenas uma propaganda extensa de um livro, feito para aqueles que têm preguiça de ler a obra original. Acredito que essa regra é também para as adaptações da Literatura para os Quadrinhos.
Para começar o roteiro de Os Sertões eu capturei essa atitude do Cronenberg para mim. Parti para as pesquisas e...

Nenhum comentário: